Clos Lucé - Amboise - França

2.12.09

Amboise

Amboise é uma pequena cidade no Vale do Loire a cerca de 20 km de Tours. Há alguns séculos, no entanto, Amboise foi a cidade eleita pela corte real francesa, que ocupou o famoso castelo ali localizado.

Além do castelo, a pequena cidade também abriga o Chateau Clos Lucé, onde Leonardo da Vinci viveu seus últimos anos de vida, a convite do então rei Francis I, que vivia no castelo de Amboise à 500m de Clos Lucé.

(Castelo d´Amboise)

Luís XI morou ali, Carlos VII nasceu e morreu ali, Catarina de Médici e outros. Além disso, foi palco para a "Conspiração Amboise", em 1560, um desafortunado complô dos huguenotes, os protestantes, contra Francis II. Ali foram pendurados em ganchos na fachada do castelo os corpos de 1200 conspiradores.


Nas muralhas do castelo fica a Chapelle St-Hubert, onde fica o túmulo de Leonardo da Vinci.

(Clos Lucé vista do pátio interno)

Já Clos Lucé foi construído em 1471 e foi residência real e residência de verão de alguns reis da França. Francis I era grande admirador de da Vinci, que sob sua proteção viveu ali desde 1516. Nomeado "primeiro-pintor, arquiteto e engenheiro do rei", Leonardo, além da residência recebia também uma pensão principesca de 700 escudos de ouro por ano além do pagamento por suas obras. Dava apenas em contrapartida, o prazer de sua companhia ao curioso rei. Para isso, o rei mandou construir, inclusive, uma passagem que ligava o castelo até Clos Lucé.

Dizem que em seu leito de morte Leonardo chorou por ter ofendido o criador e os homens, não tendo trabalhado sua arte como deveria. Imaginem se o tivesse feito...

(Quarto de da Vinci)

Particularmente interessante o quarto de da Vinci e o oratório de Ana de Bretanha, mulher de Carlos VIII. Dizem que a rainha recolhia-se à capela para longas horas de retiro e oração, chorando pela morte de seus dois filhos que morreram ainda crianças. Outra peça interessante é a sala das maquetes. Na verdade são 4 salas dedicadas às invenções de Leonardo, onde 40 máquinas e maquetes fabulosas estão em exposição. As obras foram realizadas pela IBM, segundo os desenhos originais de da Vinci.

(Maquete de ponte elevadiça)

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Saint Denis - França

16.11.09

(Basílica de Saint Denis - Paris)

Saint Denis (ou São Dionísio) é um santo e mártir cristão. No século III ele foi Bispo (talvez o primeiro) de Paris e ficou conhecido posteriormente como Patrono de Paris.

Seu martírio se deu em aproximadamente 250 DC e foi assim, segundo a lenda: Foi condenado à morte por decapitação pelos sacerdotes pagãos. Foi decapitado no monte mais alto de Paris (Montmartre - monte dos mártires), onde dizem existia um local de adoração pagão. De acordo com a lenda, depois de ser decapitado, Saint Denis abaixou-se, pegou sua própria cabeça e saiu andando, por 2 milhas, pregando o evangelho ao longo de todo o caminho... No lugar onde parou e, de fato, morreu, foi erguido um pequeno santuário que, mais tarde, virou a Basílica de Saint Denis (Rue d´Alesia metro: Saint-Denis-Porte de Paris), que acabou se tornando o lugar onde estão sepultados os reis da França.

No Pantheon em Paris à esquerda de quem entra tem um mural gigante mostrando a cena descrita acima.

(O martírio de Saint Denis - Pantheon)

Também, no Portal da Virgem, à esquerda da Notre-Dame, para quem olha de frente, uma das esculturas que emolduram o portal mostra Saint Denis, com a cabeça na mão.


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Abelardo e Heloísa - Romance e Tragédia na Idade Média

4.11.09


Pois é, ando mesmo inspirada para o amor... tanto que conto hoje uma das histórias de amor que mais me tocaram... mês passado em Paris, visitamos alguns locais que marcaram a vida desse casal fascinante.  Adoro passear por lugares sabendo o que aconteceu ali. De certa forma é uma maneira de vivenciar uma história, como voltar no tempo, ainda que na imaginação. Espero que curtam tanto quanto eu!

Abelardo e Heloísa são um dos mais célebres casais de todos os tempos, conhecidos pelo romance que mantiveram e também pela tragédia que os separou. Um amor medieval que se eternizou...

O romance teve início em Paris quando Abelardo, um renomado professor e filósofo, considerado um dos maiores pensadores do século 12, viu em Heloísa qualidades que não havia encontrado antes em nenhuma outra mulher. Ela era excepcional tanto em beleza quanto em inteligência e muito apreciava os debates filosóficos acalorados. Sobrinha do Cônego Fulberg, Heloísa era fluente em Latin, Grego e Hebreu e seu tio era obcecado com a idéia de prover à menina a melhor educação disponível na ocasião. Além do que, estava na flor da idade, com apenas 17 anos.

Enamorado, Abelardo sugere a Fulberg, que era grande admirador do professor e filósofo,  viver com eles e, assim, daria continuidade à educação de Heloísa sob a supervisão do tio. Como diz minha vó, quando se junta a estopa e a gasolina, vem o diabo e assopra... pois não tardou nada para que o romance florecesse e explodisse em paixão. Porém, naquela época, os mestres educadores deveriam ser castos e, além do que, Abelardo infringiu a mais básica lei da hospitalidade, desrespeitando sobremaneira a honra de seu anfitrião.


Quando o romance foi descoberto, o tio furioso expulsou Abelardo de sua casa e interferiu na carreira do professor. Abelardo e Heloísa, no entanto continuaram a se encontrar às escondidas e, inclusive, tiveram um filho que se chamou Astrolábio (!). A fim de aplacar a ira do tio, Abelardo propôs um casamento secreto que, após certa relutância, foi aceito e concretizado. Pouco tempo depois o casamento foi revelado e Heloísa foi influenciada por Abelardo a entrar para um convento. Ela não queria e seu tio, acreditando que Abelardo queria ver-se livre dela, mandou castrá-lo. Envergonhado, humilhado e impedido de prosseguir com sua carreira, Abelardo também ingressou na vida monástica. Ainda assim, apesar de não se verem, trocaram correspondência que, mais tarde, ficou conhecida como As Cartas De Amor de Heloísa. A mesma escrevia com tamanha paixão e utilizou-se das mesmas como única forma de vivenciar o seu tão grande amor, que fora perdido por conta das circunstâncias.



Curiosodades:

- A principal obra de Abelardo chama-se Dialética e foi a obra de lógica mais influente até o final do século XIII em Roma, onde foi usada como manual escolar, já que a lógica era ministrada como parte do curriculum, fornecendo aos estudantes os argumentos e armas para às disputas metafísicas e teológicas.

- De 1113 a 1118 Abelardo lecionou na escola catedral de Paris. A agitação doutrinal provocada por Abelardo, repercutiu-se, também, no modo de ensino que sofreu completa revolução. Romperam-se as formas de ensino da velha escola platônica, criando-se o embrião do que viria a ser o ensino universitário, inteiramente diferente do das escolas locais existentes.

- Heloísa e Abelardo nunca deixaram de se amar. Anos mais tarde Abelardo construiu uma escola-mosteiro perto de Heloísa. Viam-se diariamente, mas não se falavam, apenas trocavam cartas.

- Abelardo morreu em 1142, com 63 anos de idade. Heloísa mandou construir uma sepultura em sua homenagem. Em 1162 morre Heloísa e a seu pedido, foi sepultada ao lado de Abelardo.

- Em 1817 os restos mortais dos dois amantes foram levados para o cemitério do Padre Lachaise por ordem de Josephine Bonaparte. Dizem que quem está solteiro deve levar flores e colocá-las nas mãos de Heloísa, para que encontre seu verdadeiro amor.

(Túmulo de Abelardo e Heloísa)

- O filme Em Nome de Deus (Stealing Heaven) , lançado em 1988, conta a história dos dois amantes, do Diretor Clive Donner

- Quai aux fleurs, 9 – Ile de la Cite – Paris é o endereço onde moraram, na casa de Fulberg. Bem pertinho da Notre-Dame.


"É certo que quanto maior é a
causa da dor, maior se faz
a necessidade de para ela
encontrar consolo, e este
ninguém pode me dar, além de ti.
Tu és a causa de minha pena,
e só tu podes me proporcionar conforto.
Só tu tens o poder de me entristecer,
de me fazer feliz ou trazer consolo."

( Trecho de uma das Cartas de Heloísa)


Não é lindo esse romance que sobreviveu apesar de toda tristeza e separação? Um amor verdadeiro não se desfaz com o tempo nem com a distância. Fica assim, marcado na eternidade.


Rouen - Normandia - França

3.11.09

Santa Joana d´Arc

Escrevo esse post em homenagem à Rebeca, do site Néctar da Flor, cuja mãe se chamava Joana d´Arc, conforme ela mesma contou em um de seus carinhosos comentários aqui no blog...

O nome Normandia tem origem nos viquingues, homens do norte, que subiram o rio Sena no século IX. Saqueadores que viraram colonos, eles construíram sua capital em Rouen. A cidade é conhecida como o lugar onde Joana d’Arc, a Donzela de Orleans, foi queimada em 1431, na Place du Vieux-Marché. Hoje, existe ali a igreja de Ste-Jeanne-d’Arc.  Um prédio moderno, de estilo nórdico, onde pode-se encontrar os vitrais da antiga igreja de Saint-Vicente, destruída durante os bombardeios da segunda guerra mundial.
A Cruz enorme atrás da igreja marca o local onde a Santa foi queimada na foegueira.

(Interior da Igreja Joana d´Arc)

O ponto forte da cidade é uma catedral pintada algumas vezes por Monet, motivo de orgulho para seus habitantes. A catedral Notre-Dame é uma obra-prima da arte gótica que sobreviveu, apesar de seriamente avariada, aos bombardeios da guerra. Dentro da igreja pode-se visitar uma amostra fotográfica que retrata a destruição e a posterior restauração da bela obra gótica. Também dentro da igreja encontra-se o túmulo onde foram depositadas as vísceras de Ricardo Coração de Leão.
 
(Notre Dame de Rouen - Monet)
 
(Túmulo de Ricardo Coração de Leão)
 
As ruelas tortuosas que levam até a Place du Vieux-Marché são repletas de casinhas estilo normando, com madeirame à vista. Além do que, lojinhas diversas, inclusive de flores e comidinhas enfeitam todo o caminho.

(Place du Vieux-Marché)

 
Outros pontos de interesse são a rua do Relógio, o Museu Joana d´Arc, a Igreja St-Maclou e o museu de belas-artes, que inclui obras de Caravaggio e Velásquez, entre outros, inclusive a Catedral de Rouen, de Monet.


Joana d´Arc nasceu em Domrémy e e foi uma heroína da Guerra dos Cem Anos, durante a qual tomou partido pelos Armagnacs, na longa luta contra os borguinhões e seus aliados ingleses.

Em seu julgamento Joana d'Arc afirmou que desde os 13 anos ouvia vozes divinas. Segundo ela, a primeira vez que escutou a voz, ela vinha da direção da igreja e acompanhada de claridade e uma sensação de medo. Dizia que as vezes não as entendia muito bem e que as ouvia duas ou três vezes por semana. Entre as mensagens que ela entendeu estavam conselhos para frequentar a igreja, que deveria ir a Paris e que deveria levantar o domínio que havia na cidade de Orléans. Posteriormente ela identificaria as vozes como sendo do arcanjo São Miguel, Santa Catarina de Alexandria e Santa Margarida.

O arcanjo São Miguel é o líder dos exércitos celestiais. Santa Catarina é definida as vezes como uma figura apócrifa a cavalo dos séculos III e IV que morreu com uma idade similar à de Joana; também erudita (patrona de muitas especialidades intelectuais), persuadiu o imperador Maximiliano II que deixasse de perseguir os cristãos. Foi condenada a morrer na roda (um sistema de tortura que fraturava os ossos). A lenda de Margarida diz que ela foi uma mulher depreciada pela sua fé católica ao que lhe ofereceram matrimônio em troca da renúncia a esta fé. Ante sua negação, foi torturada escapando milagrosamente diversas vezes, até sua morte definitiva. Assim morreu virgem e mártir.

Castelo de Chenonceau - Vale do Loire - França

29.10.09


Conhecido como o Castelo das damas, Chenonceau foi construído sobre pilotis, no meio do rio Cher. Sua construção inicial, bem mais simples iniciou no séc. XIII e pertenceu a família Marques. Mais tarde durante o reinado de Francis I, foi adquirido por Thomas Bohier e sua mulher Katherine Briçonnet com dinheiro desviado do reino. O rei Francis  e sua rainha Cláudia descobriram e tomaram a propriedade. A porta de entrada do castelo tem uma inscrição em latim: "FRANCISCUS DEI GRATIA FRANCORUM REX - CLAUDIA FRANCORUM REGINA" ("Francisco, pela graça de Deus, rei de França e Cláudia, rainha dos Franceses").

Jardins de Diana

Mais tarde, durante o reinado de Henrique II, o castelo foi habitado por Diana de Poitiers, como presente do próprio rei, seu amante e admirador. Diana era 20 anos mais velha que Henrique mas segundo consta era uma mulher lindíssima, sendo a favorita do rei por muitos anos. Diana ampliou o castelo e mandou construir seu célebre jardim. 

Quarto de Diana

Henrique II morreu em um torneio, atingido por uma lança. Após a morte do rei, a rainha Catarina de Médicis tomou o castelo para si e expulsou Diana para outra propriedade, o castelo de Chaumont. Construiu outro jardim e fez no castelo festas fabulosas para sua corte e convidados. Além disso, como grande apreciadora das artes, construiu uma galeria no castelo.

Quarto de Catarina

Catarina passou o castelo a Louise de Lorraine, esposa de Henri III, que segundo dizem era gay e morreu assassinado não muito tempo depois. Inconsolável, a rainha Louise de recolhe em luto na propriedade e manda pintar seu quarto de negro, com motivos de luto e, desde então, só vestiu branco que era a cor do luto real naquela época.

Quarto de Louise

Em 1624 o castelo tornou-se propriedade do Duque de Vendôme, filho do rei Henrique IV. Henrique IV havia convidado sua favorita , Gabriela dÉstrées, mãe de seu filho legitimado César de Vendôme, a morar ali.

Depois de um tempo meio abandonado, o castelo passa a ser propriedade dos Dupin. Louise Dupin era apreciadora dos livros e o tutor de seu filho foi Jean-Jaques Rousseau. Era uma boa mulher e mantinha boas relações com os fazendeiros ao redor. Foi enterrada no parque da propriedade.

Em 1864 o castelo é comprado por Marguerite Pelouze que fez algumas modificações na construção, adaptando-a às necessidades da época.

Além do castelo e dos jardins, visite a Quinta e a Horta, que são imperdíveis. Além disso a Orangerie oferece uma cozinha requintada e saborosa para uma refeição. O terraço dá para o "Jardim Verde". O salão de chá abre diariamente das 15:00 às 17:00. Um belíssimo passeio perto de Paris.

A Quinta

Para mais informações, conheça o site oficial do castelo clicando aqui.

Paris - dia 4: Père Lachaise, Giverny e Pigalle

25.10.09


(Giverny - Casa de Monet)

Em nosso quarto dia em Paris, acordamos um pouco mais tarde e fomos visitar o cemitério Père Lachaise. Depois, por volta das 11 horas fomos à Estação Lazare (Gare Lazare) onde compramos os tickets de trem para irmos visitar a cidade de Giverny, sobre a qual já escrevi um post aqui no blog. Estava muito ansiosa para fazer esse passeio, que me tinha sido tão bem recomendado.

Apesar de sua importância e peculiaridade, a cidade próxima de Paris não faz parte do roteiro da maioria das pessoas que conheço que já foram a Paris. Por isso e também por ser apaixonada pelas obras impressionistas fiz questão de conferir pessoalmente.

Seguindo as instruções precisas do Conexão Paris, na Gare Lazare compramos os tickets de ida e volta para Rouen  (41 Euros), passeamos um pouco enquanto aguardávamos a saída do trem, tomamos um café ali perto da estação e a 1:00 da tarde embarcamos, sabendo que desceríamos na cidade de Vernon. Quando chegamos em Vernon, descemos do trem e seguimos as "pegadas azuis", até chegarmos a entrada principal da minúscula estação, de onde logo avistamos o ônibus que nos levaria até a cidade de Giverny. Tudo muito certinho, o ônibus tem horários coordenados com os trens e já estava lá aguardando os passageiros. Compramos a passagem dentro do ônibus (4 Euros ida e volta) e, em seguida, partimos.


Chegando em Giverny, no enorme estacionamento, seguimos as pessoas que também desceram do ônibus, então foi fácil chegarmos até a Casa de Monet. Na saída do estacionamento, que fica à céu aberto, também tem um painel com um mapa que mostra a localização das atrações do local.

Na bilheteria da casa de Monet compramos as entradas (6 Euros) e finalmente chegamos lá. Já no início dos jardins pode-se ter uma idéia do que vamos encontrar ao longo do caminho... A paixão de Monet pela luz natural e pelas cores pode ser vista ali, em toda sua exuberância. Ao contrário dos jardins tradicionais franceses, as flores ali crescem livres, derramam-se pelos caminhos e sobem pelas treliças.  Era ali que ele e seus companheiros Cèzanne, Manet, Pissarro e Sisley captavam as mudanças na luz e no clima em diferenes momentos do dia.


A casa é uma delícia, e ver as fotografias da família tiradas ali, naqueles mesmos aposentos me causou muita emoção. Adorei a cozinha com seus azulejos azuis, os quartos, a sala de estar com muitas fotos e reproduções de suas telas. Não é permitido fotografar dentro da casa, o que é uma pena. Adoraria compatilhar aqui o que vi lá.

Mas o ponto alto do passeio é mesmo o Lago das Ninféas. Com seus salgueiros, flores, pontes japonesas e, é calro, os famosos lírios aquáticos (ninféias), você realmente se sente dentro das telas de Monet.  Afinal, segundo suas próprias palavras: " Precisei de um tempo para entender minhas ninféas. Mas de repente, tive uma espécie de revelação do que havia de mágico no meu lago...Desde então, praticamente já não uso outro modelo."


Passamos muitas horas lá, sorvendo as imagens, gravando-as na memória e registrando tudo em fotografias. A luz de outubro, obra do céu incrivelmente claro e sem nuvens, contribuiu e muito para o engrandecimento do momento. E dizem que a primavera é a melhor época do ano para ir lá!

Em um outro dia, vi um outdoor gigante, com uma foto de uma estrada cercada de vegetação e uma frase atribuída a Monet: "Eis aqui o meu atelier". Não foi à toa que tenha escolhido essa região para viver. A luz ali é realmente especial.

Passeamos pela cidadezinha, visitamos outros pontos de interesse ainda encantados com o que havíamos visto nos jardins. Voltamos no ônibus das 5 horas para Vernon e esperamos um pouco em um restaurante da cidade enquanto nosso trem não chegava.


Voltamos à Paris e fomos diretamente para Pigalle, onde compramos algumas lembrancinhas pois foi ali que encontramos preços bem razoáveis. Passeamos um pouco ao entardecer pelos cafés, comemos um crepe, tomamos sorvete, enfim, curtimos ali nosso momento feliz.

Antes de pegarmos o metrô para o hotel, fomos até o Moulin Rouge, no boulevard de Clichy, para fotos e, no caminho, pudemos observar a famosa vida noturna da região, com seus cabarés, casas de shows, sex shops e outras coisas do gênero...

Notre-Dame de Paris e Victor Hugo

22.10.09

Notre-Dame

Em 1831, quando foi publicado o romance Notre-Dame de Paris (O Corcunda de Notre-Dame), de Victor Hugo, a catedral estava num estado lastimável. Já na coroação do imperador Napoleão, em 1804, o local para essas ocasiões pomposas estava em ruínas e precisou do disfarce de ornamentos presos às paredes.

Durante a Revolução, a catedral chegou até a ser vendida para um demolidor, mas nunca foi demolida. Hugo estava determinado a salvar o coração espiritual do país e ajudou a criar uma excelente campanha para restaurar Notre-Dame antes que fosse tarde demais. O escolhido para projetar e supervisionar a restauração foi Eugène Emmanuel Viollet-le-Duc (1814-79). Nascido em Paris, Viollet-le-Duc já provara sua capacidade de restaurador, como se pode ver na catedral de Amiens e na bela cidade murada de Carcassone, no sul da França.

Viollet-le-Duc na fachada da Prefeitura de Paris

Os trabalhos começaram em 1841e prosseguiram por 23 anos, quando a catedral assumiu praticamente o mesmo aspecto que tem agora. Mais tarde, Violet-le-Duc foi chamado para restaurar a Saint-Chapelle também em Paris.

Curiosidades sobre a Notre-Dame:

- Em 1455 Joana d´Arc foi julgada ali, postumamente, e considerada inocente da acusação de heresia, pela qual havia sido condenada à fogueira em 1431.

- A coroação de Napoleão ocorreu na Notre-Dame em 1804. O ousado general tomou a coroa do papa Pio VII e coroou a si mesmo e a sua esposa Josefina imperatriz.

- A catedral têm 5 sinos. O maior deles, o sino Emannuel pesa mais de 13 toneladas e o seu batente 500 quilos e só toca nas grandes festas católicas. Na torre norte, quatro outros sinos tocam várias vezes ao dia.

- Na catedral pode-se ver as Gárgulas e as Quimeras. As primeiras são elementos arquitetônicos, em saliência, destinados a evacuar as águas pluviais. Já as Quimeras são a representação de monstros fantásticos, com o propósito de espantar o mal.

(Quimera)

- Na parede lateral da rua do Claustro, pode-se ver uma grande quantidade de gárgulas. Repare que uma delas, no entanto, tem a cabeça de um homem. Dizem que os trabalhadores tiveram seus salários atrasados por culpa de um dos padres e vingaram-se esculpindo-lhe a cabeça em uma das peças.

Gárgula com cabeça de homem

- A agulha da catedral, de 90m, foi acrescentada por Viollet-le-Duc. Perto das estátuas dos apóstolos, no telhado, há uma do arquiteto, admirando sua obra. É a única de frente para a agulha.

Teto da Notre-Dame com estátuas dos apóstolos e de Viollet-le-Duc

- Os bancos do coro, de madeira entalhada, foram encomendados por Luís XIV. Entre os entalhes dos 78 painéis há cenas da vida da Virgem Maria. Inclusive uma que mostra a Virgem grávida, imagem raríssima de se ver (abaixo, bem à esquerda):

Bancos do Coro - entalhes

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Paris - dia 3: Versailles, Quartier Latin, Notre-Dame, Bateaux-Mouche e Torre Eiffel

20.10.09

(Versailles e obra de Xavier Veilhan)

Como mostra o título, esse foi um dia cheio! Acordamos cedinho e fomos à Versailles. Compramos o ingresso (13,00 Euros) no dia anterior, lá no Louvre (no sub-solo, ao lado da escada rolante que fica em frente a maquete do museu) tem essa lojinha, uma tabacaria, que vende ingressos e passes de museus. Assim evitamos as filas enormes para compra de ingressos e entramos diretamente no palácio.

Esse com certeza merece um post à parte, pois é impossível descrevê-lo em poucas linhas. Posso dizer que ficamos muito impressionados. Visitamos o palácio e seus jardins também (que tem entrada separada, precisando outro ingresso que compramos lá mesmo. 8,00 Euros).


No meio do passeio um imprevisto. Nossa câmera fotográfica sofreu um acidente... Quase infartei, imaginem uma viagem dessas sem fotografias? Nem pensar... já fui avisando o maridão que compraria outra naquele mesmo dia.
Era a segunda vez que acontecia isso durante uma viagem. Ano passado em plena ilha de Santorini na Grécia a nossa câmera se foi ao chão, rolando ladeira abaixo... Pois olhem, a danada sobreviveu sem dados às duas quedas. Não é que se recuperou perfeitamente? Ô camerazinha boa essa, a Canon... já até apelidei de Bruce Willis... Duro de matar, sabe?

Passado o susto retornamos a Paris e almoçamos uma salada bacaninha perto do Louvre, aliás, um lugar muito bom chamado A Toutes Vapeurs (2-4 Rue de L´Echelle - http://www.atoutvapeurs.com/). Depois fomos até o Quartier Latin, por onde passeamos entre suas ruelas, as termas romanas, a Place Viviani, onde fica a Igreja St. Julien-Le-Pauvre e a árvore mais antiga de Paris, chamada Robinier, datada de 1602.

(Notre-Dame vista da Place Viviani)

Depois visitamos a Notre-Dame de onde saímos para pegarmos o Bateaux-Mouche para um passeio no Sena. Aliás, uma delícia de passeio, mesmo com toda a horde de turistas na volta, o dia estava tão lindo e agradável que foi excelente ver a cidade de outros ângulos.


(Grand-Palais e Pont Alexander III vistos do Sena)

O passeio terminou por volta das 6:30 da tarde. Saímos da estação do Bateaux e caminhamos até a Torre Eiffel. Ficamos em uma fila enorme (mas bem menor que as filas durante o dia) e subimos a Torre bem a tempo de ver um magnífico por-do-sol. Descemos de lá as 09:30 muito cansados, realmente exaustos. Ainda assim, paramos para jantar uma pizza perto da estação Bir-Hakeim, de onde pegamos o metrô para voltarmos ao nosso hotel. Estávamos cansados demais para procurarmos algum restaurante. Foi um dia bem puxado, mas estávamos muito felizes com o progresso de nossas visitas. Mais felizes ainda com a boa sorte de estarmos lá em dias tão bonitos...

(Entardecer na Torre Eiffel)

Cemetiere Père Lachaise - Paris

16.10.09




Essa dica veio de Jackson Martins, do blog Viver Paris. Um delicioso espaço para quem busca informações diversificadas sobre a cidade luz. O blog é simplesmente imperdível.

Não havíamos incluído o cemitério Père Lachaise na nossa visita à cidade. Mas acabamos ficando hospedados à poucas quadras do mesmo e, depois de ler sobre o local, resolvemos conferir de perto.

Disse  Jack:

"Como qualquer lugar do mundo Paris também tem suas superstições - algumas delas bem curiosas, como esta que faz o maior sucesso entre as futuras mamães parisienses. Em janeiro de 1870 o jovem jornalista francês Victor Noir (cujo verdadeiro nome era Yvan Salmon) foi assassinado em Paris e enterrado no cemitério do Père-Lachaise. O fato causou à época grande comoção popular, já que Victor Noir tinha apenas 22 anos, era um brilhante colunista político em ascensão e ia se casar no dia seguinte à sua morte.

Pois bem: é sabido na cidade que as mulheres que estão desejando ter bebês, sobretudo as que estão enfrentando dificuldades para engravidar, obtêm facilmente a fecundidade se visitarem o túmulo do jornalista no cemitério do Père-Lachaise e tocarem “as partes” da estátua de bronze de Victor Noir.
O milagroso está um pouco gasto mas funciona que é uma beleza: flores são trazidas constantemente pelas parisienses em agradecimento a monsieur Noir.
Os poderes mágicos atribuídos a Victor Noir são tão famosos que o local milagroso da estátua já está até gasto de tanto ser tocado pelas futuras mamães parisienses."

(Victor Noir)

Pois fomos lá conferir, Alexandre e eu... para nossa surpresa, o lugar é enorme, são 17 hectares ao todo e segundo nos disseram, tem mais de 100 mil tumbas. Foi criado por ordem de Napoleão pois, na época, os cemitérios em Paris ficavam ao lado das igrejas e já estavam lotados, empesteando a cidade toda. Com sua criação, os restos mortais foram então transferidos e acabou tornando-se, com o tempo, o lugar de repouso derradeiro para muitas celebridades como Edith Piaf, Chopin, La fontaine, Ives Montand, Oscar Wilde, Jim Morrison e tantos outros...

(Túmulo de Frederic Chopin)

Fato curioso (além do Victor Noir) que aconteceu durante nossa visita foi que após alguns minutos perdidos no meio das tumbas, sem encontrarmos nenhuma das célebres, um sujeito simpático e falante acabou se aproximando e, junto com ele, uma revoada de corvos(!). Parece filme, mas o tal sujeito acabou nos mostrando os túmulos mais famosos em cerca de uma hora de "tour". Com meu francês macarrônico, consegui entender razoavelmente bem as histórias que ele contava. Acontece que que o tal era funcionário do cemitério, um coveiro, que nos dias de folga fazia um "bico" de guia turístico. Além de guia, devia também alimentar os corvos, que o seguiam durante a visita... turismo macabro à parte, considero uma sorte tê-lo encontrado. Saiu até barato se levarmos em conta as circunstâncias (5 Euros). Teríamos ficado horas ali dentro e talvez não tivéssemos visto quase nada sem sua ajuda.

Outro fato curioso, Alexandre ficou mau humorado o dia todo depois da, digamos, "experiência" com o Victor Noir...e adianta dizer que é simpatia, é só uma estátua, etc?... Para evitar maiores danos, não publicarei aqui a "prova do crime". Mas eu achei muito engraçado, tanto a lenda urbana quanto o mau-humor do meu maridinho querido ciumento!

Túmulo de Oscar Wilde

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